Me faz falta a utopia
Me faz falta a esperança
Os sonhos que antes tinha
Desde os tempos de criança
De um mundo de fantasia
Hoje só resta a lembrança
Me faz falta o pôr do Sol
Se escondendo atrás dos montes
O brilho da Lua-cheia
Divinamente elegante
E uma estrela cadente
Reluzente qual brilhantes
Me faz falta aquele tempo
Quando o ar ainda'era puro
Quado ainda era possível
Colher-se um fruto maduro
Que será da Natureza
Doravante, no futuro
Me faz falta os vedes campos
Os umbuzeiros floridos
A deslumbrante beleza
De um juazeiro esculpido
Pelas abelhas do vale
Fazendo deles abrigos
Me faz falta aquelas tardes
Quando íamos pras campinas
Arrebanhar as galinhas
Cumprimentando as meninas
Antes do anoitecer
Cantando em prosa e em rima
Me faz falta enfim o tempo
Que havia menos ganância
Que o homem era racional
Hoje só resta a lembrança
De uma Natureza sana
Não sei se há esperança.
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