quinta-feira, 29 de maio de 2014

Eu pensei conhecer este caminho
Pois tantas vezes caminhei sozinho
De dia e até de noite

Mas o tempo mostrou-me a razão
Pois em se tratando de paixão
Não raro levamos acoite.

E assim vou tocando a vida
É sem lógica cutucar feridas
Só conduz à sofrer desnorte

Devo pois cair na real
Pois fantasias só no carnaval
Pago caro por ter sido afoito.

terça-feira, 27 de maio de 2014

Menino, menina

A madrugada é linda
Vi lá na esquina
Menino, menina
Acompanha, um cão
Dormiam no chão
Sonhavam com pão?

É sempre assim
Ao dormir eu sonho
N'um mundo encantado
Não raro, de lado
Alguém a sorrir
Mas na madrugada
Acordo e constato
Na real, de fato
Sonho é fantasia
Acordado fico
Até ao amanhecer
Na vida, o viver.

segunda-feira, 26 de maio de 2014

Mais 3 poemas

Gosto do anoitecer na roça
Rememoro o aboio do vaqueiro
Campeando o rebanho pro curral
Do grito estridente da coruja
Do alarido indiscreto do teteu
Do quase lamento
No canto melancólico
Da melodia nostálgica
Que ecoa na caatinga
No cantar do bacurau
Das galinhas ciscando no terreiro
Dos guines alardeando
Do cachorro perdigueiro
Exímio caçador no matagal
Gosto de ouvir o cantar da ciriema
Seu habitat é em meio o milharal
Do relinchar do jumento as tardinhas
Quiçá informa a hora da ladainha
Pois era praxe se rezar Ave Maria
E agradecer a colheita todo dia
O sertanejo
É devoto sem igual.

Eita, hoje é domingo!
E daí que diferença faz?

Sábado, domingo 
Terça ou quinta feira
É mais um dia

Na escalada - estrada da vida
Igual a outro 

Principalmente pra quem tá sem norte

Tentar ser forte
Tentar ser capaz

De ir em frente
Mesmo sobre espinhos

Trilhar caminhos
Desbravar veredas

Transpor barreiras
Tentar ser fugás.

Deitar no chão - em campo aberto
E ficar olhando estrelas
De repentemente vem a mente
Quão pertinentes lembranças
De quando dormia ao leu
Sob a gigantesca copa
De um pé de craibeira
Lá pras bandas do Sertão 
Quando noites de verão 
Quantos planos eu fazia
Não imaginava um dia
Morar na cidade grande
E com o passar dos anos
Constatar que fantasias
As quais sempre arquitetei
Nesta vida de magias
Me causassem desenganos.

sábado, 24 de maio de 2014

As páginas amarelaram

Por longo período fui
Tipo bucha de canhão
Vou tentar virar a mesa
Seguir n'outra direção
Cansei de gibis/ quadrinhos
Já não dá satisfação
As páginas amarelaram
Não sei se tenho razão
Em trilhar novos caminhos
Quem sabe outra direção
Escrever novos scripts
Tipo uma nova canção
Cenas de outros capítulos
Que me cause a sensação
De os erros do passado
Serviram como lição
Tentarei desbravar mundo
Nesta ou noutra dimensão
Quem sabe assim me encontre
Chega de insatisfação.

sexta-feira, 23 de maio de 2014

PalaEstrela Dalva

Falta - muita falta
Me faz ela
Lembro nas noites de Lua
Calor, o tempo abafado
Eu saia do chuveiro
Depois do banho acalmante
Não pensava duas vezes
Debruçava-me na janela

Então mirando o horizonte
Ela, perene, constante
Cintilava - quão é bela

Para mais perto ficar
Pra lage, depressa eu ia
Envolto nessa magia
Sonhava - mil fantasias
Deitado sobre um colchão
Que estendia no chão
Parecia está mais ela

Era tudo devaneios
Pois mui distante ela estava
Mesmo assim eu amava
Oh bela Estrela Dalva
Nesta noite não há Lua
É outono e as luzes da rua
Impedem-me de - mesmo longe
Minha imaginação
Iludir-me está mais ela.

Sem noção 
Sem razão 
Sem discussão 
Sem começo meio ou fim
Sem complexo de culpa
Por negar-se
A si mesmo acreditar
Que fosse apenas magia
Ou talvez mera utopia
Que dentre racionais
Conjugar o verbo amar
Não fosse só fantasia.

Eu sei
Talvez
Não 
Haja mais tempo
Mas quem sabe
O tempo que resta
Seja
Exatamente o tempo
Que o tempo reservou
Quiçá guardado
A sete chaves
Para neste exato tempo
Vir
E nos apresentar
Que possamos desfrutar
Cada segundo 
Deste
Tempo.

Bem 'reza' o dito
"Cristal quebrado conserto não tem"
Assim as afeições
Quando - e se - desfaz no tempo
Tentar relembrar momentos
Que pareciam ser perenes
Produz no peito tormentos
Por vezes insuportaveis
Tão voraz tal qual veneno
Cicatriz deixa na alma
Que aparentemente calma
No âmago está tão ferida
Que atormenta uma vida
Qual fosse está se afogando

Do mar, no fundo da água.

terça-feira, 20 de maio de 2014

Ah como eu queria!

Ah como eu queria!
Que o dia já amanhecesse
E depressa de novo anoitecesse
E assim sucessivamente
E de repente quando eu acordasse
Novamente percebesse
Que tudo foi um grande pesadelo
Mas que ainda fosse o século vinte.

Bem 'reza' o dito
"Cristal quebrado conserto não tem"
Assim as afeições
Quando - e se - desfaz no tempo
Tentar relembrar momentos
Que pareciam ser perenes
Produz no peito tormentos
Por vezes insuportaveis
Tão voraz tal qual veneno
Cicatriz deixa na alma
Que aparentemente calma
No âmago está tão ferida
Que atormenta uma vida
Qual fosse está se afogando
Do mar, no fundo da água.

domingo, 18 de maio de 2014

À Jornalista Josália Pimental - pela sua sensibilidade solidária

Vou fazer uma foguerinha
Dentro do seu coração 
Depois soprar para espalhar
O calor que 'ela provocar
Para aquecer outros corações 
E corpos por onde passar
Em quaisquer outros rincões.

À uma outra preciosidade:

Deslumbre-se com uma flor de rara beleza
Porém, esforce-se para não toca-la
E terá como recompensa
A grata satisfação 
De poder apreciar-la
Tão bela quanto antes era
Ao com o passar do tempo
De novo reencontra-la.

quinta-feira, 15 de maio de 2014

Quanta agonia!

Madrugada fria - muito fria
Chuva bate no telhado
Pertinentemente
Dista muito amanhecer o dia
Imaginem quem esteja ao relento
Desprovido
De algum agasalho
Quanta agonia!