Rememoro o aboio do vaqueiro
Campeando o rebanho pro curral
Do grito estridente da coruja
Do alarido indiscreto do teteu
Do quase lamento
No canto melancólico
Da melodia nostálgica
Que ecoa na caatinga
No cantar do bacurau
Das galinhas ciscando no terreiro
Dos guines alardeando
Do cachorro perdigueiro
Exímio caçador no matagal
Gosto de ouvir o cantar da ciriema
Seu habitat é em meio o milharal
Do relinchar do jumento as tardinhas
Quiçá informa a hora da ladainha
Pois era praxe se rezar Ave Maria
E agradecer a colheita todo dia
O sertanejo
É devoto sem igual.
Eita, hoje é domingo!
E daí que diferença faz?
Sábado, domingo
Terça ou quinta feira
É mais um dia
Na escalada - estrada da vida
Igual a outro
Principalmente pra quem tá sem norte
Tentar ser forte
Tentar ser capaz
De ir em frente
Mesmo sobre espinhos
Trilhar caminhos
Desbravar veredas
Transpor barreiras
Tentar ser fugás.
Deitar no chão - em campo aberto
E ficar olhando estrelas
De repentemente vem a mente
Quão pertinentes lembranças
De quando dormia ao leu
Sob a gigantesca copa
De um pé de craibeira
Lá pras bandas do Sertão
Quando noites de verão
Quantos planos eu fazia
Não imaginava um dia
Morar na cidade grande
E com o passar dos anos
Constatar que fantasias
As quais sempre arquitetei
Nesta vida de magias
Me causassem desenganos.
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