segunda-feira, 26 de maio de 2014

Mais 3 poemas

Gosto do anoitecer na roça
Rememoro o aboio do vaqueiro
Campeando o rebanho pro curral
Do grito estridente da coruja
Do alarido indiscreto do teteu
Do quase lamento
No canto melancólico
Da melodia nostálgica
Que ecoa na caatinga
No cantar do bacurau
Das galinhas ciscando no terreiro
Dos guines alardeando
Do cachorro perdigueiro
Exímio caçador no matagal
Gosto de ouvir o cantar da ciriema
Seu habitat é em meio o milharal
Do relinchar do jumento as tardinhas
Quiçá informa a hora da ladainha
Pois era praxe se rezar Ave Maria
E agradecer a colheita todo dia
O sertanejo
É devoto sem igual.

Eita, hoje é domingo!
E daí que diferença faz?

Sábado, domingo 
Terça ou quinta feira
É mais um dia

Na escalada - estrada da vida
Igual a outro 

Principalmente pra quem tá sem norte

Tentar ser forte
Tentar ser capaz

De ir em frente
Mesmo sobre espinhos

Trilhar caminhos
Desbravar veredas

Transpor barreiras
Tentar ser fugás.

Deitar no chão - em campo aberto
E ficar olhando estrelas
De repentemente vem a mente
Quão pertinentes lembranças
De quando dormia ao leu
Sob a gigantesca copa
De um pé de craibeira
Lá pras bandas do Sertão 
Quando noites de verão 
Quantos planos eu fazia
Não imaginava um dia
Morar na cidade grande
E com o passar dos anos
Constatar que fantasias
As quais sempre arquitetei
Nesta vida de magias
Me causassem desenganos.

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