sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

Divagando sem roteiros

Meu sono - sempre companheiro
Vem-me em duas etapas
Improdutivo o primeiro
Durmo e sonho - qual pedreiro
Alicerçando caminhos
Para sempre às madrugadas
Ficar navegando em mares
Divagando sem roteiro
Tal qual fosse um marinheiro
Quando vem segunda parte
Desconserta-me por inteiro.

És bela - muito bela
E o que mais te faz mais bela
É o ser minuscula
Em estatura.








Volta que eu quero ver
Olhando pro Sul
Nuvens qual fosse algodão 
Ver o céu azul
O Sol sobre a plantação
As flores do umbu
O laranjal também florido
Mel do uruçú
Brotos nos bananais
A semente azul
Da oliveira silvestre
Azeitona azul
De um sabor sem igual
Supera a do Sul
A sombra dos mangueirais
Descansa um boi zebu.

Toda noite é sempre assim
Os relógios parece preguiçosos
Se de ponteiros, não param; estacionam
Na madrugada como de carona
Lá vem o tédio tomar seu espaço
Nem a labuta do dia
Nem mesmo o cansaço
Seduz o corpo à adormecer
Relembro o tempo, tempo do querer
Mudar o Mundo - era utopia
Pois logo menos amanhece o dia
Tudo recomeça ao anoitecer.

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

Há quem pense

Tentar, tenho ininterruptamente tentado.
Tenho me 'rebolado' qual um peão de ponteira
Tenho pensado besteira mas prevalece o bom senso 
To correndo contra o tempo tenho levado rasteiras
Do abismo to à beira e tenho pano pras mangas
Sem sentido fazer drama correto é seguir em frente
Observar tanta gente em situações difíceis
Compreende-se por isto, que o mundo, qual uma peneira.

Pensei pensei pensei
Aí onde quebrei a cara
Por não ter ido em frente
Pensar demasiadamente
Também induz
À vê - mas ausente.

Uma bela manhã de outono - vazia
Busquei insandecida mente
Preencher aquele dia
Demônio - em forma de anjo
Parecia - parece ia
Sorriso franco - iludia
Só naquele dia

Vem
To indo ao teu encontro
Não sei o que me espera mais preciso encontrar
Pois o tempo foi passando
E eu fui me cansando e deixei de procurar

E, continuamos a sós 
Eu, e minhas recordações 
Das quais,
Muitas eu gostaria de
Deletar da memória.

Sei
Se minha falta não faz falta
Não devia sentir falta
Mas quanta falta - penso - faz.


Assim é a vida
Não adianta buscar guarida
Se no meio onde se vive
Cada um é cada um
E ninguém é de ninguém
Egoismo ta na moda
Quase ninguém quer saber 
Se outrem esteja bem
Vai-se então tocando o barco 
Se o vento tá soprando
Na direção que convém.

É tanta gente enganada
Mesmo assim acomodada
Fatos desabonadores
Acontecem a todo instante
Mas os que antes falantes
Se por conveniência
Ou se há pouca decência
Só se sabe que o silêncio
Cada vez mais vai crescendo
E a esperança morrendo

De um porvir meritoso.

E a tardinha quase ao por do Sol
Ouço bem distante o canto de um sabiá
As andorinhas pra lá e pra cá 
Em voos rasantes quase tocam o solo
Perto das nuvens um bando de garças
Tão alvas que ofusca a visão 
Quem dera eu soubesse voar
Juro não estaria aqui prostado no chão

Ah, a noite...
Tempo propicio pra sonhar
Até para utopiarizar situações 
Absolutamente improváveis
Mas que, massageia a alma
Inspira, intranquiliza as vezes
Mas, simplesmente acalma.

Continuo a minha saga...
To correndo contra o tempo
To correndo contra o tempo
To correndo contra o tempo

E haja contra tempos...

Eu sonho com um Mundo diferente
No qual ninguém sinta-se superior a ninguém 
No qual ninguém sinta a necessidade de subtrair nada de ninguém 
No qual em nenhum lugar alguém padeça por não ter o necessario/ essencial a vida
No qual egoismo seja tão somente uma palavra constante nos dicionários 
No qual a ganância tenha sido abolida do Planeta Terra
No qual homem seja tão despojado quanto o animal irracional que contenta-se ao saciar-se...

Em tempo: postarei o complemento desta, logo menos

O céu está sem estrelas
O tempo um tanto nublado
Sequer pirilampos vejo
Mirando lá p'ros cercados
Tomara estas nuvens
Que hora povoam
Toda esta região
Os ventos, elas conduzam
Para aquela outras bandas
que outra 'hora passei
E vi com muita tristeza
Inda não há plantações
Só terrenos muito áridos
Mas, se a chuva indo
quando em breve lá voltar
Tenho certeza verei
Vastos roçados florais.

Há quem pense
que eu seja inconsequente
deve ser porque não sabe
a dor que no peito sente
quando em alta madrugada
o sono some e não vem
e assim as horas passam
muitissimo lentamente
e quando o dia amanhece
ao sair cabisbacho
ninguém imagina o quanto
doi na alma de quem sente
que não há mais esperança
de outrem dizer à outrem
"não, ele não é demente
é tão somente um poeta
que sente o que a gente sente.

Apesar da vida dura
Da escacez arboristica
Da paisagem quase cinza
Do solo as vezes rachado
Do Sol quase escaldante
Da magritude do gado
Da quase ausência de sombra
Do milho, só palhas no roçado
De um povo tão sofrido
Parecendo castigado
Caminhar pelos sertões
Faz bem, faz-nos refletir
O porque que o sertanejo
Campeia cantarolando
Uma belíssima canção
Arepiá quando entoa
Feliz da vida, voz rouca
"Oh oh oh vida de gado"!

Chuva caía torrentemente
Um banquinho, um balde
Um pouquinho de açúcar 
Cigarro de palha ao bico
Pra' afugentar os mosquitos
Merda quase dava no joelho
Era de vaca - cheirava
Na Índia a vaca é sagrada
Eu só tinha uns 12 anos
Era feliz -muito feliz
E sabia.

Ah se pensamento levasse recado
Certamente eu me furtava
Em pensar tão desvairado
Sequer me atentaria
A olhar o que não devo
Re-desenharia rostos
Para deixar ofuscado
E este corpo que parece
Ter sido pre desenhado
Para ficar tão perfeito
Parece em alto relevo.