Nas entre-linhas dos versos
Desnudo o meu pensamento
Pego carona no vento
Desbravo florestas, mares
Dos pássaros ouço os cantares
Das flôres sinto o aroma
Do amanhecer na roça
Na relva miro o orvalho
Na roça um espantalho
Que afugenta passarinho
Prá nao fazer o seu ninho
Do milho comer o grão
Dividindo o lucro então
Da luta d'um ano inteiro
Prá não fazer seus puleiro
No meio da plantação
Na manhã ensolarada
A brisa forma partículas
Qual cristais descendo em bicas
Das fôlhas da imburana
Também da palha da cana
No solo forma cacinba
E o camponês se anima
Pois na escassez de chuva
Recorre a cacimba d'água
Pra 'alimentar seu rebanho
Do alto da barauna
O carcará dá seu grito
Pá assustar o cabrito
Que esta em meio as ovelha
E ao sair na carrera
Ser fisgado por seu bico
Carcará quem não conhece
É a águia do Nordeste
Valente quinem a peste
E quando mira uma prêsa
Por mais alto que'ela esteja
Desce de lá ligeirinho
E até os bichin do ninho
Ele os agarra sem ter dó
Sem precisar de anzol
Se tiver peixe ele fisga
Nas garras segura cobra
Seu cardápio predileto
Vivente que estiver perto
Quando o ouve se arrepia
Cassaco preá e gia
Pra ele é só tira gosto
Pense n'um bicho disposto
O carcará do sertão
Das aves que por lá voam
Ele'é o mais valentão.
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